O jornal Imprensa publicou, no último dia 22/2, artigo do jornalista e advogado Silvio Carlos Machado, que preside o diretório zonal do PTB da Vila Formosa, na capital paulista. No texto a seguir, Machado faz uma perspicaz análise a respeito das movimentações políticas na capital, com vistas às eleições de outubro, que certamente trarão desdobramentos significativos para as disputas ao Palácio dos Bandeirantes e ao Planalto, em 2010.
PTB e o quadro político do momento
A política é mais perversa das ciências. Quando deparamo-nos na televisão com um Cientista Político tecendo comentários e muitas vezes criticando e receitando soluções, ficamos pensativos e nos perguntamos: se tudo o que o cientista afirma com tanta segurança for verdade, porque ele não se candidata, pois parece que o homem sabe tudo? Na outra ponta do nosso pensamento, respondemos: ele não conhece o imponderável. O imponderável é o grande empecilho de muitas vitórias anunciadas e transformadas em grandes fiascos. Todos os aspectos são checados do início ao fim de uma campanha política e ninguém em sã consciência pode falar: saímos do solo, voamos com tranqüilidade e nossa aterrissagem será perfeita. Ninguém tem experiência ou bola de cristal para confirmar nada antes das apurações. Nenhuma eleição é ganha na véspera, mas muitas, muitas mesmo, foram perdidas nas últimas horas de campanha.
Em São Paulo, o PTB já amargou este ensinamento quando PSDB e PTB, respectivamente, Geraldo Alckmin e Campos Machado, perderam uma eleição "imperdível" para Marta e Maluf (passagem para o 2o.Turno das eleições municipais de 2000). Agora, quase dois anos após as eleições de 2006, as mesmas figuras despontam no cenário político para as eleições municipais de 2008. Geraldo Alckmin e Campos Machado. O ex-governador é visto sobre o pedestal dos quase 40 milhões de votos nacionais, e Campos Machado, maior líder do PTB em São Paulo e grande líder nacional, se vê empurrado pelos 250 mil votos e pelo título de Deputado Estadual mais votado no Brasil dentre todos os partidos.
Os mesmos cientistas políticos citados anteriormente já iniciaram seus estudos e conjecturas: a aliança entre PSDB e PTB para a disputa do cargo de prefeito seria a melhor coisa para os dois partidos? Nós, que sabemos apenas escrever, podemos afirmar: pelo histórico de Campos Machado, por sua liderança continuada, pelo número de votos crescentes, este não é o caminho desejado. A trajetória do grande líder petebista aponta seu ingresso no Palácio dos Bandeirantes em 2010. Uma parada agora como Vice-prefeito de São Paulo, sem desdouros, seria um grande sacrifício, pois os planos traçados e cumpridos religiosamente para 2010 estariam sendo atropelados. Ninguém pode vislumbrar o que Alckmin, sendo eleito Prefeito da maior cidade sul-americana, fará.
Mas, como no início desta coluna afirmamos que a política é mais perversa das ciências, Campos Machado terá que lidar com o imponderável, e neste "comboio" de idéias o grande líder pode selar o destino do PTB, como grande partido nacional; tudo dependerá exclusivamente dos riscos que Campos Machado decidir correr.
Silvio Carlos Machado - Jornalista e AdvogadoPublicado na pág. 2 - Opinião - Jornal Imprensa (Tietê - Cerquilho - Jumirim - Laranjal Paulista) - extraido do site www.camposmachado.com.br